sábado, 13 de dezembro de 2008

Preguiça


Propensão para não trabalhar, acedia, indolência, morosidade, negligência, moleza...
Quantos nomes são dados a este pequeno pecado capital, aliás, pecado ótimo de cometer de vez em quando...
Há poucos dias tenho reduzido consideravelmente a carga de trabalho, já que as aulas acabaram e agora só nos resta a questão mais burocrática da coisa, mas ainda não me sinto de férias. Filhas continuam frequentando a escola, portanto acordar cedo ainda faz parte da rotina.
Hojé é sábado, supostamente um dia mais calmo e no qual se é permitido o acordar tarde. Ledo engano. Após uma longa noite numa formatura e esticar para comemorar um aniversário, cometi um grande erro: cheguei tarde demais, ou seria cedo demais? Resultado: apenas 3 horas de sono. "Mainha, tô com fome." "Duda faz teu café da manhã, Nana." "Não, faz tu!!!" Ai, ai, ai... Quem bem esperto fosse, dormiria tudo o que pudesse antes de ter filhos. Só passei a dar valor ao dormir após perceber que quando se tem filhos não se dorme nem se come como gostaria, ou deveria. O não dormir já está óbvio, o não comer é porque sempre deixamos pra comer depois dos filhos, então a fome passa. Certo é o ditado:"Depois que filho pari, nunca mais barriga enchi." E eu ainda acrescentaria:"e não consegui dormir." Além de tudo isso, pra meu quase desespero por mais 1 hora de sono, hoje aqui está sendo um dia incomum. Costumo dizer que no condomínio, nós somos a casa que mais faz barulho. Isso aqui é um verdadeiro mausoléu, ou seja, lugar propício a um sono tranquilo garantido a qualquer hora do dia ou da noite. Ledo engano novamente. Justamente hoje, depois do que já relatei, resolveram dar continuidade às obras de recuperação do piso, a vizinha da casa da frente amanheceu inspirada pela disco dos anos 70 (com direito a trilha sonora do filme HAIR e tudo), outro achou pouco e deixou o som do carro ligado num pagodão. Será que minha preguiça atrai má sorte? Vixi. Logo hoje...

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Autor Anônimo

Recebi este texto hoje através das mãos da minha filha mais velha, enviado pela escola. O início faz referência ao recente sequestro de uma jovem e, segundo um grande e querido amigo, chega a parecer piegas. Mas o que realmente é interessante está do meio para o fim, portanto vale a pena a longa leitura.

"A necessidade de dizer NÃO"

"O que pode criar um monstro? O que leva um rapaz de 22 anos a estragar a própria vida e a de duas outras jovens por... NADA?
Será que é índole? Talvez, mídia? A influência da televisão? A situação social da violência? Traumas? Raiva contida? Deficiência social ou mental? Permissividade da sociedade? O que faz alguém achar que pode comprar armas de fogo, entrar na casa de uma família, fazer reféns, assustar e desalojar vizinhos, ocupar a polícia por mais de 100 horas e atirar em duas pessoas inocentes?
O rapaz deu a resposta: "ela não quis falar comigo". A garota disse não, não quero mais falar com você. E o garoto, dizendo que ama, não aceitou um não. Seu desejo era mais importante. Faltaram muitos NÃOS nessa história toda.
Faltou um pai e uma mãe dizerem que a filha de 12 anos NÃO podia namorar um rapaz de 19. Faltou uma outra mãe dizer que NÃO iria sucumbir ao medo e ir lá tirar o filho do tal apartamento a puxões de orelha. Faltou outros pais dizerem que NÃO iriam atender ao pedido de um policial maluco de deixar a filha voltar para o cativeiro de onde, com sorte, já tinha escapado com vida. Faltou à polícia dizer NÃO ao próprio planejamento errôneo de mandar a garota de volta pra lá. Faltou ao Governo dizer NÃO ao sensacionalismo da imprensa em torno do caso, que permitiu que o tal seqüestrador conversasse e chorasse compulsivamente em todos os programas de TV que o procuraram. Simples assim. NÃO. Pelo jeito, a única que disse NÃO nessa história foi punida com uma bala na cabeça.
O mundo está carente de nãos. Vejo que cada vez mais os pais e professores morrem de medo de dizer não às crianças. Mulheres ainda têm medo de dizer não aos maridos (e alguns maridos, temem dizer não às esposas). Pessoas têm medo de dizer não aos amigos. Noras que não conseguem dizer não às sogras, chefes que não dizem não aos subordinados, gente que não consegue dizer não aos próprios desejos. E assim são criados alguns monstros. Talvez alguns não cheguem a seqüestrar pessoas. Mas têm pequenos surtos quando escutam um não, seja do guarda de trânsito, do chefe, do professor, da namorada, do gerente do banco. Essas pessoas acabam crendo que abusar é normal. E é legal.
Os pais dizem "não posso traumatizar meu filho". E não é raro eu ver alguns tomando tapas de bebês com 1 ou 2 anos. Outros gastam o que não têm em brinquedos todos os dias e festas de aniversário faraônicas para suas crias.
Sem falar nos adolescentes. Hoje em dia, é difícil ouvir alguém dizer não, você não pode bater no seu amiguinho. Não, você não vai assistir a uma novela feita para adultos. Não, você não vai fumar maconha. Não, você não vai passar a madrugada na rua. Não, você não vai dirigir sem carteira de habilitação. Não, você não vai beber uma ceverjinha enquanto não fizer 18 anos. Não, essas pessoas não são companhias para você.
Não, hoje você não vai ganhar brinquedo ou comer salgadinho e chocolate. Não, aqui não é lugar pra você ficar. Não, você não vai faltar na escola sem estar doente. Não, essa conversa não é para você se meter. Não, com isto você não vai brincar. Não, hoje você está de castigo e não vai sair.
Crianças e adolescentes que crescem sem ouvir bons, justos e firmes NÃOS crescem sem saber que o mundo não é só deles. E aí, no primeiro não que a vida dá ( e a vida dá muitos) surtam. Usam drogas. Compram armas. Transam sem camisinha. Batem em professores. Furam o pneu do carro do chefe. Chutam mendigos e prostitutas na rua. E daí por diante.
Não estou defendendo a volta da criação rígida e sem diálogo, pelo contrário. Acredito piamente que crianças e adolescentes tratados com um amor real, sem culpa, tranqüilo e livre, conseguem perfeitamente entender uma sanção do pai ou da mãe, um tapa, um castigo, um não. Intuem que o amor dos adultos pelas ciranças não é só prazer - é também responsabilidade. E quem ouve uns nãos de vez em quando também aprende a dizê-los quando é preciso. Acaba aprendendo que é importante dizer não a algumas pessoas que tentam abusar de nós de diversas maneiras, com respeito e firmeza, mesmo que sejam pessoas que nos amem. O não proteje, ensina e prepara.
Por mais que seja difícil, devemos dizer não aos seres humanos que cruzam nosso caminho, quando acreditamos que é hora e devemos tentar respeitar também os nãos que recebemos. Acredito que é aí que está a verdadeira prova de amor. E é também aí, que está a solução para a violência cada vez mais desmedida e absurda dos nossos dias."