terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Memória partilhada


Alguns dias atrás tive acesso a um texto que falava sobre como o carnaval de Recife era saudosista, de como as pessoas partilhavam memórias que não as pertenciam. Logo depois, tive uma experiência que me tem feito muito bem até hoje: reencontrei amigos do passado e outros nem tão amigos. Nesse encontro a minha memória foi partilhada com pessoas que estiveram ao meu lado durante os meus primeiros 15 anos de vida. Isso mesmo. Quase 15 anos depois, rever pessoas tão queridas, tão diferentes, mas capazes de lembrar das minhas qualidades, dos meus defeitos, das minhas mais simples manias como, por exemplo, comer pipoca de saquinho de uma em uma, escolhendo as maiores e mais fofinhas... É indescritível a sensação de ser querida. Há muito não me sentia assim: querida. Não que hoje em dia eu não tenha amigos. Os que tenho hoje não são menos importantes. Mas foi um momento muito especial. Fiquei impressionada com tudo - mudanças físicas, profissões, noivados, casamentos, filhos, outros estados e até outros países - mas no fundo reconheci as mesmas pessoas de 15 anos atrás. Hoje, até os que não eram tão próximos se tornaram pessoas especiais. Amigos que pensei um dia ter perdido, mas que são e sempre serão amigos queridos.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Carnaval


O Carnaval é um negócio engraçado... Pelo menos para mim, o Carnaval só começou a existir mesmo agora, na minha vida de adulta jovem... Lembro bem que até os meus belos 15 anos eu não sabia o que era Carnaval, era apenas um feriadão que se resumia nos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro vistos pela tv e nas diversas reportagens sobre o Galo da Madrugada... Todos os anos, meus pais levavam a mim e meu irmão para os lugares mais remotos da face da Terra. Sabe quando um hotel tem todos os seus chalés ocupados mas você não vê uma viv'alma transitar pelo restaurante ou pela praia? Era assim que nós passávamos os nossos carnavais. E não pensem que estou reclamando, não, de jeito nenhum!!! Eu simplesmente adorava!!! Mas voltando ao início deste post, o Carnaval é um negócio engraçado, porque quando eu o conheci, ou seja, na primeira vez que fui "brincar" em Olinda, tinha 18 anos e levei uma vassourada na cabeça. Deixa eu explicar: estava eu a observar a folia (não sou boa dançarina), que me surpreendeu muito, já que era carnaval, mas as pessoas colocavam nas casas músicas do Bonde do Tigrão, que foi proibido no ano seguinte, quando um punhado de garotos começou a brigar no meio do Mercado da Ribeira e nas margens deste havia uma série de barraquinhas a vender bebidas e comidas. Na medida em que o número de participantes da briga aumentava, as pessoas começaram a se afastar do centro e, assim, fui praticamente jogada numa dessas barraquinhas. A dona, que não queria perder a sua mercadoria, tacou-me um cabo de vassoura bem no meio do quengo, ou seja, minha primeira participação no Carnaval da minha linda terrinha não foi lá muito agradável... Em outra ocasião, fui tentar de novo Olinda, eu estava grávida da minha segunda filhota e todo mundo dizia: não vá, é perigoso, vá para o Recife Antigo à noite, é mais calmo, etc. Em Olinda correu tudo bem, me fantasiei de anjinha, imaginem uma anja grávida!!! Mas fomos também ao Recife Antigo à noite e aí, tudo tranqüilo? Tranqüilo nada, briga de novo e, a pesar dos esforços do meu maridão, ainda machucaram meu tornozelo. Este ano quebrei a cabeça novamente. Desta vez no sentido figurado mesmo. Inventei de levar minha beldade junto comigo para ver o Carnaval de Olinda. Se arrependimento matasse, eu estaria morta, enterrada, em acelerado estado de putrefação, cheia de vermes e não sobraria nem um ossinho para contar a estória. Vou explicar novamente: Para quê eu levei minha filha comigo? Acho que sou doida!!! Uma menina linda, charmosa, que aparenta ter muito mais idade do que realmente tem, eu levei para Olinda!!! Podem me chamar de louca!!! E foi muito "boyzinho" querendo chegar perto, mas não deixei: fechei a cara, botei todos para correr. Ciúme de filha é pior que ciúme de marido. Vou terminar repetindo a frase que todo mundo ficou cansado de ouvir no resto do Carnaval: ACHO QUE VOU DAR UMA SURRA NO MEU PRIMEIRO GENRO!!!! Pensando bem, o Carnaval não é tão engraçado assim...