sábado, 17 de janeiro de 2009

Um par

Esta semana escutei em algum lugar que é bem mais fácil ser filha ou filho que mãe ou pai. Concordo em parte.
Como filhos temos mais chances de errar do que como pais. Enquanto filhos, se erramos, sabemos que estamos aprendendo a lidar com as situações e a vida que ainda temos pela frente pode nos proporcionar a oportuniade de acertar. É da nossa vida que estamos cuidando, assumiremos as consequências... Enquanto pais, se erramos, nossos filhos "pagarão o pato", ou seja, não dá para errar porque a felicidade ou as frustrações dos nossos filhos estão em jogo.
A única coisa da qual tenho plena consciência nesse instante é a ideia de achar difícil demais o papel de mãe. Nunca havia imaginado o quanto de trabalho eu tinha dado aos meus pais, o quanto foi perturbador se pegar pensando: o que faço agora?. Para mim está sendo assim... O que faço agora?
Difícil é reconhecer em seus filhos alguma característica ou traço de personalidade que você não tem, que você não aprova, que você não sabe de onde veio... Lidar com a diferença, com a discordância, com as opiniões contrárias às suas é uma tarefa árdua, ainda mais dentro da sua própria casa. E você se pergunta: "Onde ele(a) aprendeu tal coisa?", "Fico feliz por sua autonomia ou preocupado com as conclusões que ele(a) tirou deste assunto?", "Por que o que aprendi com meus pais não funciona com meus filhos?"
Ah, são tantas as dúvidas...
O título deste post é o de uma música do Los Hermanos que gosto muito e cabe bem direitinho:
Um Par
Los Hermanos
Composição: Rodrigo Amarante


"Mesmo quando ele consegue o que ele quis,
Quando tem já não quer!
Acha alguma coisa nova na TV,
O que não pode ter,
E deixa de gostar,
Larga mão do que ele já tem.
Passa então a amar
Tudo aquilo que não ganhou!
Dê motivo pra outra vez acreditar
Na cascata da vez...
Que você comprou assim 0+10
Um presente pra mim
Mas se eu perguntar
De onde veio esse agrado
Você vai gritar!
Diz que é homem feito, sei não!
Ah faça-me o favor!
Diga ao menos o que foi
E se eu faltei em te explicar...
Diz que a gente sempre foi
Um par...
Sai domingo diz que é o dia de jogar
Mas que jogo eu não sei.
Fica até segunda o dia clarear
E troféu não se vê!
Entra sem falar.
Sai correndo e volta outra vez
Sem cumprimentar!
Nem parece aquele!...
Eu rezo, ai deus do céu
Ou alguém no chão
Diga-me o que foi
Que eu deixei faltar!
O que eu não consigo é entender
Como é que um filho meu é tão diferente assim
De mim!
Me faz entender."

Mas também não é fácil continuar sendo filho depois de adulto. Certamente nossos pais têm alguma expectativa com relação ao nosso futuro, ao nosso trabalho, aos nossos relacionamentos, se vamos constituir família, como vamos fazer isso, como criamos nossos filhos, quanto de atenção podemos dispensar em meio a tudo isso... Ser boa filha era, sem dúvidas, uma das minhas aspirações da idade adulta. Mas cada vez mais percebo quão dura é essa empreitada, corresponder a tais expectativas. Às vezes teremos que nos contentar com o que podemos oferecer a pais e filhos, mesmo que não seja tudo aquilo que imaginamos, que aspiramos, que tentamos...

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Ano Novo

Título bem previsível para o primeiro post de 2009, mas não houve jeito...
A passagem de um ano a outro para a maioria das pessoas é sempre um momento de renovar as forças e esperar dias melhores. Confesso que não faço parte deste time.
Sempre que chega essa época fico meio "pra baixo". Acho que no fundo sou mais negativa do que gostaria. Não consigo imaginar um mundo melhor, dias mais felizes, novas oportunidades... Só enxergo o incerto, um grande vazio a ser preenchido... Faço planos, claro, mas o sentimento de insegurança me invade como nunca. Aos poucos essa sensação vai embora, com a retomada da rotina.